Cerca de 5 milhões de portugueses possuem seguro de saúde.
Se os próprios profissionais de saúde recorrem ao sector privado, porque não haveria o resto dos portugueses de o fazer?
Segundo o Presidente da APHP - Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Óscar Gaspar, actualmente cerca de 5 milhões de portugueses possuem seguro de saúde. Este número inclui os 1.2 milhões de beneficiários da ADSE, que representam menos de 15% da actividade total dos hospitais privados.
Estas pessoas (e organizações, no caso dos seguros de grupo) estão a tal ponto insatisfeitas com os serviços de saúde prestados pelo SNS que toleram pagar por uma segunda cobertura, colocando Portugal, em 2019, antes da pandemia, como 3.º país europeu da OCDE em que os utentes assumiam uma maior percentagem da despesa total da saúde:
"Para além dos impostos, 39% da despesa corrente em saúde sai dos bolsos dos portugueses, através de seguros privados de saúde, subsistemas de saúde públicos voluntários, como a ADSE, co-pagamentos, farmácias, serviços privados não comparticipados pelos seguros, taxas moderadoras, etc..)"
"A maioria (95%) dos novos aderentes à ADSE é do setor da saúde e tem uma média de idades de 39 anos. Estão a aderir em massa.". Se os próprios profissionais de saúde recorrem ao sector privado, porque não haveria o resto dos portugueses de o fazer?
E para onde é que encaminham os operadores privados de saúde, as receitas provenientes desta cada vez maior carteira de utentes? Em edificado e equipamentos modernos, e no recrutamento e capacitação técnica e científica dos seus profissionais, garantindo a qualidade que os utentes reconhecem. Criando um ciclo virtuoso muito difícil de inverter.
Portanto, se, às "ajudas" dadas pelo SNS...
Sub-orçamentação crónica;
Falta de políticas para gestão dos recursos humanos e a consequente erosão;
O garrote da "troika";
As cativações de Centeno, e os truques nos concursos para obras e aquisição de equipamentos;
O fim de PPP's financeira e qualitativamente interessantes por motivos ideológicos;
A sobrecarga imposta pela COVID-19;
A priorização de outras necessidades, muitas vezes difíceis de entender ("Quatro mil milhões de euros para a TAP e continuamos sem médicos?").
... os hospitais privados passaram a ter, ou já tinham...
Instalações modernas e confortáveis, com maior cobertura geográfica para ficarem perto de quem a elas necessita deslocar-se;
Equipamentos topo de gama para os profissionais de saúde exercerem as suas competências, similares àqueles que encontram no estrangeiro, quando vão ter formação/especialização;
Capacidade financeira para recrutar, reter, capacitar e gerir as carreiras dos melhores profissionais que "rouba" ao SNS, e autonomia administrativa para formalizar um contrato de trabalho em poucos dias;
Infraestruturas tecnológicas que lhes permitem agendar consultas, exames, análises e intervenções cirúrgicas electronicamente, (estou desde o início de Fevereiro à espera de uma ablação por micro-ondas de nódulo na tiróide no SNS);
Abstracção do “papel social" que por incompetência do Estado o SNS é obrigado a prestar, (não tenho conhecimento de profissionais de saúde agredidos em hospitais privados, ou a trabalhar em corredores cheios de macas com bêbados, velhos "sem família" e hipocondríacos que preferem esperar algumas horas nas urgências do que alguns meses por uma consulta com o médico de família, se é que têm médico de família atribuído;
Confirmação da sua qualidade e eficiência financeira, pelo exemplo das PPP's analisadas nos relatórios do Tribunal de Contas...
... acredito termos chegado a um ponto em que o declínio do SNS se tornou irreversível, e que caminhará a passos largos para "serviços de saúde pobres, para pobres", independentemente dos milhares de milhões de Euros que lá se derretam todos os anos, a não ser que o Estado retome a colaboração com os privados.
Só que, devido à ideologia de António Costa, Marta Temido e dos partidos de Esquerda que apoiaram a geringonça e acabaram com as PPP's, agora a posição negocial do Estado é mais fraca: a COVID-19 revelou bem os problemas e limitações do SNS, os profissionais de saúde estão saturados e os privados "não precisam" que o SNS lhes encaminhe utentes.
"Muito curiosamente, pelos vistos nunca tivemos uma ministra tão à esquerda, supostamente tão defensora do Serviço Nacional (de Saúde) público. Pois é, mas a grande ministra esquerdista e defensora do Serviço Nacional (de Saúde) público foi aquela que mais colocou o sistema de saúde em Portugal dependente dos privados: dos seguros privados - há cada vez mais portugueses a precisar de ter seguro de saúde privado; dos médicos privados - que vão, por prestação de serviço, preencher as lacunas no Serviço Nacional de Saúde; e dos próprios hospitais privados onde os portugueses têm que ir. Portanto, a ministra que supostamente era de esquerda, é a rainha dos privados, porque nunca o sistema de saúde em Portugal esteve tão dependente do sector privado de saúde."
Sebastião Bugalho - CNN Portugal - Contra Poder - 18 de junho de 2022
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