Porque prefiro investir passivamente na bolsa, em vez de arrendar imóveis directamente.
Às vezes perguntam-me porque é que prefiro investir na bolsa, em vez de arrendar imóveis. Doravante posso encaminhar essas pessoas para esta publicação.
Às vezes perguntam-me porque é que prefiro investir na bolsa, em vez de arrendar imóveis:
Porque não preciso de muito dinheiro
Logo à cabeça, para arrendar um imóvel é necessário tê-lo/comprá-lo, e embora o crédito habitação garanta taxas de juros inferiores às normais, para adquirir um imóvel é preciso uma quantidade apreciável de dinheiro, mesmo que apenas para a entrada. Tipicamente são também necessárias verbas para renovar/decorar/mobilar/equipar o imóvel.
Pelo contrário, muitas corretoras não exigem sequer um montante mínimo para investir. Eu comecei a investir na bolsa poupando 5€ por dia, e investindo esses 150€ mensalmente.
Dito isto, é verdade que a alavancagem do investimento é muito menos arriscada no imobiliário, do que na bolsa, (ex. é muito menos arriscado aprovar um crédito habitação no banco com 20% de entrada, arrendar o imóvel e pagar ao banco com as rendas pagas pelo inquilino, do que fazer margin trading na bolsa). Para boa parte das pessoas, a alavancagem no imobiliário é também mais fácil de compreender.
Porque é mais tranquilo
Quem investe na bolsa não renova/decora/mobila/equipa o imóvel, não lida com imobiliárias, não procura/filtra inquilinos, não corre o risco de rendas em atraso, de litígios, da degradação dos bens por mau uso, de sinistros como incêndios ou inundações, ou de queixas por má vizinhança.
Não tenho tempo, nem vontade, para todas estas preocupações. Não chamo a isso "investimento passivo".
Na bolsa eu simplesmente reforço a carteira mensalmente com unidades de participação de um ETF que rastreia um índice global, e foco-me nas minhas empresas, nos meus negócios, na minha família. Isso sim, é "investimento passivo".
Porque é mais eficiente
Mesmo excluindo incidentes excepcionais, como os elencados acima, o investimento na bolsa é mais eficiente que o arrendamento de imóveis porque não paga a comissão à imobiliária, escrituras, registos, selos, IMT, IMI, AIMI, seguros, condomínio, renovações/impermeabilizações a cada 10 anos, ou a degradação dos bens pelo tempo.
Com a corretora certa, com comissões negligenciáveis, praticamente todo o dinheiro que encaminho para a bolsa é usado para investimento efectivo.Por outro lado, a rentabilidade histórica bruta (antes de impostos) de um índice global como o S&P500 aproxima-se dos 10%. Contas bem feitas, considerando todos os custos que fui enumerando acima, conheço muitos investidores em imobiliário que não têm nem perto dessa rentabilidade. Obviamente que é possível atingi-la, e até superá-la, mas não é fácil, principalmente sem alavancagem, (ie, sem o dinheiro de terceiros).
Porque é mais líquido, e mais diversificado
Em caso de urgência, na bolsa posso dar uma ordem de venda num dia útil, e receber imediatamente o valor correspondente na conta bancária. Já para vender um imóvel, é preciso encontrar quem o queira (e possa) comprar.
No imobiliário, a localização é tudo. Uma zona da cidade pode valorizar, e outra desvalorizar. Não é trivial garantir diversificação porque os imóveis são dispendiosos de adquirir, pelo menos para um investidor particular comum, como eu.Porque o Estado não nos (ab)usa para fins sociais
Quem investe na bolsa não vê o Estado limitar as rendas, e assegurar o "direito à habitação" com o património dos cidadãos.
Dito isto, e numa perspectiva de diversificação, sim, claro que é bom investir na bolsa, e em imobiliário. Mas apenas numa perspectiva de diversificação.
PS: É possível investir em imobiliário na bolsa, através de REIT's, mas ainda não tenho experiência com esse tipo de investimento. Pelo que li, as rentabilidades típicas não são muito superiores a rastrear um índice global.