Think different
Anteontem à noite explicava ao Bruno Rocha como na empresa (e na vida) sempre tentei "fazer diferente", e respeito imenso quem o faça também.
Anteontem à noite explicava ao Bruno Rocha como na empresa (e na vida) sempre tentei "fazer diferente", e respeito imenso quem o faça também.
Primeiro porque o "convencional", na maioria das vezes, não me parece suficientemente bom, e em segundo lugar porque ao fazeres diferente, não podes ser comparado com quem não o sabe fazer.
Na prática, num cenário de pré-venda, se dois fornecedores perfeitamente desconhecidos apresentam propostas para uma solução que consiste mais ou menos na mesma tecnologia, no mesmo hardware e/ou software, na mesma marca e modelo, do mesmo fabricante, com as mesmas funcionalidades, etc... o cliente tenderá a adjudicar ao fornecedor com a proposta mais barata.
Nota: "tempo é dinheiro", o que muitas vezes quer dizer que a proposta mais barata é aquela do fornecedor mais próximo, ou que entrega mais rapidamente.
Por exemplo: sabendo que o mesmo modelo de máquina de lavar roupa, na Worten e na Rádio Popular, é vendido ao mesmo preço, onde comprariam ?
Ao propor algo "diferente", o cliente é forçado a uma análise qualitativa da solução (funcionalidades, fiabilidade/redundância, escalabilidade, rapidez na entrega, adaptação/integração/personalização, suporte pós-venda, etc...), e aí ganha o "melhor", e não o "mais barato". Esta é a vantagem de "fazer diferente".
Pegando no mesmo exemplo da máquina de lavar roupa, se um terceiro vendedor se cobrar mais 100 EUR pela mesma máquina, mas nesse valor está incluído o transporte, encastramento nos móveis da cozinha, explicação sobre as funções que garantem maior qualidade e poupança na lavagem, e substituição da máquina por uma substituta, em caso de avaria, ainda comprariam na Worten ou na Rádio Popular ?
Mas também há desvantagens:
Por um lado é mais difícil contratar e formar profissionais para implementarem e darem suporte a soluções alternativas, (por exemplo, não faltam técnicos com certificações Microsoft, Cisco, Vmware, etc...), mas se quero um profissional capaz de implementar servidores, redes, virtualização, segurança, telefonia, etc... baseados em Linux, tenho que investir 2 ou 3 anos a "fazer" esse profissional, e eventualmente vê-lo partir para outra empresa que tenha capacidade para o remunerar melhor.
Por outro lado, às vezes do outro lado da mesa de negociações está alguém que exige "convencional", ou porque "ninguém é despedido por comprar aquilo que toda a gente compra, se eu arriscar e comprar isto, e a coisa der para o torto, será a minha cabeça no cepo", ou porque "eu tirei esta certificação Vmware, e agora quero comprar um produto no qual consiga mexer", o que dificulta o negócio.
E daqui o pensamento do dia, de John Maynard Keynes, em The General Theory of Employment, Interest, and Money:
Worldly wisdom teaches that it is better for reputation to fail conventionally than to succeed unconventionally.